• Atividade literária: Escritor. Eis um apontamento do próprio: · Minha vida literária tem um marco: 25 de Maio de 1962. Há exatos 58 anos sentia aquele frenesim da primeira publicação. SELÓ - PÁGINA DOS NOVÍSSIMOS - inserta no ''Noticias de Cabo Verde'' nº 321. · Éramos todos Jovens. Eu, o Arménio Vieira, Jorge Miranda Alfama, Maria Margarida Mascarenhas, Mário Fonseca e Rolando Vera Cruz, com ousadia tínhamos em mente continuar a ''aflorar problemas e vivências do espírito e no tempo a que esse se concerne - quase condicionada, na sua expressão pelos problemas cíclicos do homem caboverdeano,'' como se pode ler na nota de abertura - REFLEXÕES. · Só foram publicados 2 números de Seló. O terceiro, foi censurado pela PIDE, a policia politica Colonial.
• O seu obituário foi publicado a 31 Out 2024. Cumprimos o doloroso dever de comunicar o falecimento esta madrugada do nosso pai Osvaldo Alcântara Medina Custodio. A cerimónia funebre será realizada no salão da Igreja do Nazareno da Praia, pelas 15 horas e de onde seguira o cortejo para o cemitério da Achada S. Filipe.
Sandra Custódio, Valentina Custódio (Viti), Marco António Custódio, Eugénio Custódio, Neusa Brito, Augusta Custódio, Daniel Custódio, Valéria Custódio, Aires Custódio.
• Nota biográfica: na "Esquina do Tempo", por Brito-Semedo, a 31 Out 2024,. · Com a partida hoje de Oswaldo Osório, Cabo Verde perde uma de suas figuras mais emblemáticas da poesia e da literatura. O poeta, que deixou uma marca indelével nas letras cabo-verdianas, será sempre lembrado como um "caboverdiamadamente construtor da palavra". Sua obra, vasta e singular, atravessa décadas, reflectindo não apenas sua visão particular do mundo, mas também sua capacidade de transformar adversidades em arte. · Nasceu em Mindelo, São Vicente, no dia 25 de Novembro de 1937, e seu destino já parecia traçado para a palavra desde o seu nascimento. Seu pai, Joaquim Custódio, que foi aluno do renomado escritor Baltasar Lopes, escolheu nomeá-lo em homenagem ao poeta Osvaldo Alcântara, pseudónimo literário de Baltasar. No entanto, a coincidência de nome com outro poeta levou o jovem Osvaldo Custódio a adoptar um pseudónimo que se tornaria sinónimo de sua própria identidade literária: Oswaldo Osório. · O nome adoptado não foi ao acaso. Ele escolheu homenagear duas figuras fundamentais para sua formação intelectual e literária: Oswald de Andrade, um dos mais importantes nomes do modernismo brasileiro, e Osório de Oliveira, escritor e crítico literário açoriano que foi um dos principais divulgadores da literatura cabo-verdiana. Com essa escolha, Oswaldo Osório não apenas se desvencilhou da confusão com o nome que herdara, mas também se firmou como um poeta de vocação universal, cuja obra dialogava tanto com as tradições literárias cabo-verdianas quanto com as grandes correntes da literatura lusófona. · A sua carreira literária começou de maneira promissora na década de 1960, quando um grupo de jovens intelectuais e escritores de São Vicente, entre os quais Arménio Vieira (futuro Prémio Camões em 2009), Jorge Miranda Alfama, Margarida Mascarenhas e Mário Fonseca, decidiu lançar a página literária Seló. Essa folha literária, publicada no Notícias de Cabo Verde em 1962, foi um importante marco na renovação das letras cabo-verdianas. · Seló, cujo nome remetia ao grito que anunciava a chegada de navios na ilha Brava (derivado do termo inglês "sail off"), foi símbolo da esperança de uma nova geração que, em plena efervescência cultural, lutava para ultrapassar o marasmo em que se encontravam as cidades de Mindelo e Praia. Naquele contexto, Oswaldo Osório consolidou sua reputação como um "sailor em mares de papel", um dos navegantes das letras que usavam a palavra como uma forma de resistência e de renovação criativa. · O percurso literário de Oswaldo Osório foi marcado por uma constante busca por inovação e originalidade. Ele não queria ser apenas mais um entre seus pares. A frase que ele próprio usava para definir sua motivação criativa - "Escrevo para fugir à ditadura do tempo e tentar marcar a minha época cultural com a marca da minha diferença entre os meus iguais" - resume seu desejo de criar uma obra que transcendesse o comum, uma obra que se destacasse por sua singularidade e profundidade. · As obras publicadas ao longo de sua carreira são um reflexo dessa busca. O primeiro livro, Caboverdiamadamente construção, meu amor, de 1975, já apontava para o desejo de construir algo novo, ao mesmo tempo profundamente enraizado na cultura e nas tradições de Cabo Verde. Em seguida, vieles estavam outras publicações que solidificaram sua posição de destaque nas letras nacionais, como O Cântico do Habitante Precedido de Duas Gestas (1977), Clar(a)idade Assombrada (1977), Cantigas de Trabalho: Tradições Orais de Cabo Verde (1980) e Emergência da Poesia em Amílcar Cabral '96 30 Poemas (1988). · Um aspecto notável de sua obra foi sua habilidade de transitar entre a poesia e a prosa, mantendo sempre a qualidade e a profundidade que caracterizam sua produção. A colectânea Contos Os Loucos: Poemas de Amor e Outras Estações Inacabadas (1997) e o romance As Ilhas do Meio do Mundo (2016), anunciado por mais de quarenta anos antes de sua publicação, são exemplos de sua versatilidade como escritor. O romance, que ele próprio classificou como uma "sagarela" - uma pequena saga - é uma espécie de retrospectiva de sua trajectória como escritor e combatente da liberdade. · Contudo, a vida de Oswaldo Osório foi marcada por um desafio pessoal que acabou por moldar a fase final de sua carreira: a perda progressiva da visão. Ainda na década de 1960, ele começou a perceber os primeiros sinais do problema, que era hereditário em sua família. Tanto seu pai quanto sua mãe, tios e primos haviam enfrentado dificuldades semelhantes. Após várias tentativas de tratamento, incluindo uma viagem a Portugal em 1998, perdeu completamente a visão em Março de 2004. No entanto, o que poderia ter sido um obstáculo intransponível para muitos, para Oswaldo tornou-se mais uma fonte de inspiração. Ele continuou a escrever, e em 2007 publicou A Sexagésima Sétima Curvatura, um livro de poesia que consolidou sua reputação como um "poeta da luz interior". · Foi Paulo Cunha e Silva, médico e crítico de arte português, quem cunhou essa expressão - "o poeta da luz interior" - quando conheceu Oswaldo Osório, em Janeiro de 2015, na cidade da Praia. A expressão reflecte com precisão a capacidade de Oswaldo de transformar sua perda de visão em uma forma de introspecção e de iluminação criativa. Ao invés de se deixar abater pela cegueira, ele encontrou na escuridão uma nova maneira de enxergar o mundo, e essa nova visão está presente em suas últimas obras. · A publicação de As Ilhas do Meio do Mundo em 2016 foi uma prova de que Oswaldo Osório nunca parou de sonhar, de criar e de compartilhar sua arte com o mundo. Durante o lançamento do romance, suas palavras finais foram de esperança e confiança no futuro: "Até o próximo livro!" Essas palavras, mais do que um simples desejo, reflectem o espírito inquebrantável de um homem que nunca deixou de acreditar na força da palavra e na sua capacidade de transformar vidas. · Seu livro mais recente, Teresias, lançado em 2019, faz alusão à figura mitológica de Tirésias, o famoso profeta cego da mitologia grega, amplamente reconhecido como um dos mais renomados videntes da antiguidade. Osório também deixou finalizado o manuscrito de Teresias II, pronto para publicação. · Oswaldo Osório deixa-nos, aos 86 anos, após uma vida inteira dedicada à palavra e à liberdade. Sua obra permanecerá como um farol para as gerações futuras, iluminando o caminho daqueles que, como ele, acreditam no poder da poesia e da literatura para mudar o mundo. · Que a memória de Oswaldo Osório, o "poeta da luz interior", continue a ressoar nas letras de Cabo Verde e além. Sua presença física pode ter partido, mas sua voz ecoará para sempre nas páginas que ele escreveu e nos corações de todos aqueles que tiveles estavam o privilégio de ler suas palavras. · Neste momento de profunda tristeza, apresentamos as nossas mais sinceras e sentidas condolências à viúva de Oswaldo Osório, seus filhos, netos, familiares e amigos. Que a força e a inspiração que ele transmitiu em vida, através de sua poesia e de seu exemplo de resiliência, tragam conforto e serenidade a todos que tiveles estavam o privilégio de conviver com ele. Seu legado literário continuará vivo, iluminando gerações futuras, enquanto sua ausência será sentida por todos que o amaram e admiraram. Que encontrem paz e consolo em suas memórias e na certeza de que sua obra transcenderá o tempo. · Descanse em paz, Oswaldo Osório, eterno navegante dos mares da poesia.
- Manuel Brito-Semedo
• O seu obituário foi publicado no pela RTC.
Fontes
1
DGAE - Direcção Geral da Administração Eleitoral - Cabo Verde - (2004 e/ou 2008 e/ou 2011). NB: - Locais de nascimento apenas constam no recenseamento de 2004 - Nomes sem data de nascimento, foram obtidos nos registos de recenseamento dos filhos
3
Site na Internet / Rede social (Facebook ou similar), > informação e/ou fotografia tornada pública por esta pessoa (ou por parente próximo) em site na Internet ou numa rede social. Extraída para esta página, na data que se indica a seguir. Data cit.: 4 Abr 2025. NB: a fotografia extraída da fonte poderá eventualmente ter sido recortada, realçada, retocada e colorida (se a branco e preto ou em tons de sépia) fazendo uso de programas que utilizam inteligência artificial.
Esclarecimentos do administrador deste site genealógico:
1) Por falta de um contacto (ou algumas vezes por descuido), não me foi possível pedir às pessoas a devida autorização para divulgar seus dados e/ou fotos neste site. A estas pessoas apresento desde já desculpas pelos eventuais constrangimentos causados por este procedimento, que não foi por indelicadeza, mas sim e apenas com intuito académico. Assim, aos que não desejariam conceder tal autorização, peço o favor de me contactarem com instruções a respeito (endereço electrónico incluso nesta página).
2) Este site tem também o propósito de recolher dados e correcções que permitirão aperfeiçoar o trabalho de pesquisa, pois certamente há de conter imprecisões. Assim, contamos consigo, e se quiser comentar ou solicitar o retiro, acrescento ou a troca de dados, documentos ou fotografias, sinta-se livre para me contactar (e-mail a seguir). Em muitas páginas não se encontram listados todos os filhos da pessoa apresentada. Nada impede de virem a ser paulatinamente acrescentados à medida que informações fidedignas nos forem fornecidas.
3) Em genealogia, os apelidos (sobrenomes) provenientes dos maridos das senhoras casadas, são omitidos nos nomes delas. Uma das razões: não criar dificuldades nas pesquisas em registos de nascimento.
4) Os nomes seguidos de um asterisco (*) são os dos ascendentes diretos de Jorge Sousa Brito. Assim, ao navegar a partir de um nome em linha ascendente e encontrar um nome com (*), saberá que este é dum antepassado comum de JSB e do portador do nome donde partiu.
5) Fotografias originais degradadas e/ou não a cores, vão sendo, após tratamento com ajuda de programas baseados em Inteligência Artificial, paulatinamente substituídas por versões com maior nitidez, tornadas coloridas e restauradas.
6) Nomes seguidos de um ® estão retratados por uma fotografia, uma pintura, um desenho, uma caricatura ou uma escultura de seu portador
7) A todos os que quiserem colaborar na construção desta árvore, convido igualmente a enviar informações, ficheiros e fotos para: