Clarinda Manuela Teixeira de MIRA GODINHO ®

  Eventos de relevo na sua vida:

• Foto jovem: entre flores. ¹

• Foto jovem. ¹

• Atividade lúdica: Piquenique - convívio, em 1952, em Fogo, Cabo Verde.
Na foto ao lado, as pessoas fotografadas estão identificadas por um círculo amarelo com um número a vermelho (ver os respectivos nomes na lista que se segue, sendo que os nomes com link são os das pessoas que têm uma página própria neste site):
1 - Mário Mira Godinho
2 - Gil Sacramento Monteiro
3 - ainda por identificar
4 - Aníbal Henriques
5 - Nha Quinhota
6 - Maria Augusta Rodrigues Barbosa (Zinha)
7 - Armando Félix Monteiro
8 - Matilde Martins Teixeira (Tilinha)
9 - ainda por identificar
10 - Esther Castro Freiria
11 - Bia Rendall
12 - Eugénia Ferreira Vieira Fontes (Fimá)
13 - Inês Mira Godinho
14 - Clarinda Mira Godinho
15 - Marta Maria do Sacramento Monteiro (Mazi)
16 - Lucília Augusta Mira Godinho
17 - Lígia Zenaida Teixeira de Azevedo
18 - Herminalda Magda Teixeira de Azevedo (Magda)
19 - Irene Oliveira Silva (Irene Anahory)
20 - Nha Bina
21 - Nha Marina
22 - Elisabeth Lopes Fermino (Belinha)
23 - Margarida Fermino de Sousa (Guigui)
24 - Margarida Clara Lima Monteiro (Guida Pinto)
25 - Hermengarda Henriques (Odette)
26 - Olga Monteiro
27 - Henrique Teixeira de Sousa
28 - Álvaro Barbosa Henriques (Vivico nhu Aniba)
29 - Fátima Azevedo
30 - Hormezinda Rodrigues Barbosa Zinda
31 - Cóia Mira Godinho
32 - ainda por identificar
33 - Teté Rendall
24 - Irlando Fontes Barbosa

• Categoria / função laboral: a 10 Dez 1974 era Aspirante do arquivo provincial do Registo Criminal e Policial da Comarca de Sotavento, na Cidade da Praia, Santiago, Cabo Verde. (Cf. ao lado, um extrato do B.O. nº5 de 1.2.1975).

• Foi transferido ou mudou de Cabo Verde em 1975, para Lisboa, , Lisboa, Portugal.

• O seu obituário foi publicado a 4 Abr 2025. Por Cláudio Veiga, no facebook do próprio.

Faleceu hoje, 4 de Abril de 2025, em Lisboa, aonde foi residir desde 1975, Clarinda Manuela Teixeira de Mira Godinho, (tia Clarinda), a musa que inspirou uma das mais belas mornas de Cabo Verde, a Feiticeira de cor morena.
Nativa da ilha do Fogo, aonde nasceu em 25 de Maio de 1929 e cresceu até maioridade, era a quarta (4ª) de oito irmãs, todas elas tão lindas que contribuíram para a fama da ilha do Fogo como "terra di mudjeres bonitas".
Aquando de uma das minhas férias por Lisboa em 2021, eu e a minha mulher Elisa, sobrinha e afilhada da tia Clarinda, tivemos o privilégio de privar com ela para vasculhar o baú aonde guardava os seus segredos íntimos e, fotografar os originais destas duas mornas, relíquias, de entre outras…, cujo interesse histórico e impacto cultural em Cabo Verde considero de importância relevante para não as publicar e partilhar com todos agora. Aliás, a própria tia Clarinda, um amor de mulher até o último sopro da sua vida, já me o tinha autorizado.
A primeira relíquia, a morna "Feticera di cor morena" foi escrita por Armando Monteiro em São Filipe no dia 1 de Junho de 1947 dedicada - "à Clarinda" e, depois, oferecida, pelo mesmo, nos seguintes termos:
"A ti Clarinda - minha feticéra di cor morena '96 ofereço esta morna.
A ti foi dedicada.
Por ti foi inspirada.
Em troca do meu eterno amor, só te peço conservar esta letra e que quando a morna cantares te lembres dum caboverdeano anónimo que talvez o destino leve para longe, mas que, apesar da distância, amar-te-á sempre e sempre…":
São Filipe, 26 de Abril de 1948
A segunda relíquia, a morna "Diante di mar", foi também escrita por Armando Monteiro em S Filipe, Fogo, no dia 4 de Abril de 1948. e foi oferecida à Clarinda nos seguintes termos:
"CLARINDA
Mais uma morna oferecida à tua ingratidão. Durante parte de dois anos te ofereci o mais puro e sincero dos amores; não o quiseste aceitar. Aceita, ao menos, mais esta morna que é a minha despedida desta terra onde te conheci e amei; desta terra onde sofri por te amar e que amaldiçoo porque a ela pertences. Adeus, CLARINDA! Adeus. -Que todos me perdõe. Não devia, nesta altura, proceder desta forma, mas devo ser digno de perdão, porque amo e… o amor não conhece leis.
Sam Filipe, 4/4/48"
Curioso que a morna "Diante di mar" tenha sido escrita, dedicada e oferecida à CLARINDA no dia 4 de Abril do ano de 1948 e ela tenha falecido hoje, dia 4 de Abril do ano de 2025. Coisas do amor…??? Um amor desencontrado, mas que de forma indelével marcou diversas gerações, as serenatas, as tocatinas, o sentimento e a cultura de Cabo Verde. Por isso partilho o falecimento da tia Clarinda nesses termos e rogo a todos os amantes da cultura cabo-verdiana, da serenata, da tocatina, à radio e tv de Cabo Verde para neste dia e durante o mês de abril cantarem/porem no ar "feticera de cor morena" em homenagem à Clarinda, ao amor, à morna, e à cultura cabo-verdiana.
Descanso em paz, tia Clarinda.
Cláudio